2006/07/03

de Cervantes a Caetano - Parte I



Em uma das obras-primas da literatura mundial, El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha, Miguel de Cervantes (*29/9/1547, +23/4/1616) apresenta um painel satirizado dos romances de Cavalaria muito lidos na Espanha. O Fidalgo Dom Quixote lutava por um mundo fantasioso, digladiava com monstros de sua imaginação. O Iluminismo foi uma época de transformações e D.Quixote representava os que viviam na fronteira da mudança.

Contemporâneo de Cervantes, Descartes fazia seus ensaios de Matemática, defendendo novos valores para a ordem do momento: o controle das emoções, a razão na vida. Como citam os historiadores, Descartes foi buscar na Holanda a quietude para desenvolver suas idéias. Em Amsterdam havia uma economia livre (!), o horror à interferência, o livre-mercado, ou, como definiria melhor Descartes, “o povo estava tão ocupado em ganhar dinheiro que o deixaria em paz para pensar…”.

Na Holanda, cuja Amsterdam parecia ser a capital do mundo no século XVII, foi inventando o telescópio. Aperfeiçoado por Galileu, o novo instrumento contribuiu decisivamente para a descoberta de novos mundos, muito além do universo da gota d’água. O mundo virou uma aldeia, uma Aldeia Global numa imensidão de planetas.

Com o passar dos séculos, percebe-se o quanto que os avanços da ciência Cartesiana modificaram o mundo. Revolucionaram as comunicações, aproximando, não os povos, mas os problemas.

Os monstros de D.Quixote finalmente ganharam vida. Alguns sob a forma de potentes chips que não só emitem um passaporte para a (pós-)modernidade, como também ameaçam a hegemonia humana em desafios de xadrez.

Seria um deleite para Descartes viver numa época em que se pode usar uma máquina capaz de realizar inúmeros cálculos por segundo e chegar muito mais rápido ao "x" da questão. Para muitos habitantes da Aldeia neste século, a inquietude traduz-se em "como poder ganhar algum dinheiro estando empregado e, de preferência, em tempos de paz social…".

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