Folha Dirigida, 23/08/2007 - Rio de Janeiro RJ
Antonio Luiz Mendes de Almeida
Abro a coluna para revelar que, embora, como já proclamado, tenha uma relação afetuosa com as palavras, cultivando-as com carinho, não encontro a correta, adequada, suficiente, completa, definitiva para externar meus sentimentos diante do Parapan: Admiração? Surpresa? Respeito? Superação? Solidariedade? Espanto? Exemplo? Reação? Vergonha preconceituosa? Não sei, talvez seja uma mistura delas todas, mas me emocionei, comovi-me com as demonstrações de garra, bom-humor, simplicidade, conquista, naturalidade, nenhuma queixa, alegria, sorrisos e muitas medalhas ornando os peitos justamente orgulhosos de suas façanhas. A lamentar a insensibilidade da iniciativa privada que não patrocinou como devia os jogos, incapaz de ver o retorno evidente face à magnitude da causa, que se, por acaso, não fosse contabilizada como lucro, permaneceria eternamente gravada nos corações e mentes, receberia a gratidão dos participantes e o reconhecimento do público. As empresas perderam a oportunidade de demonstrarem ter responsabilidade social. Infelizmente, nenhuma a tem...
Faço parágrafo e, iniciado o semestre, continuo a ver que a educação agoniza e nada se faz. Não existe qualquer movimento de reação e talvez nunca o setor tenha estado em mãos tão ruins. O MEC lançando planos inviáveis, cheios de tabelas e exigências estapafúrdias, avaliações esotéricas, não cogitando de parcerias produtivas e procurando justificar os últimos lugares que ocupamos no ranking das nações, sem falar na interferência indébita do executivo e sua pregação demagógica que visa estiolar os esforços da iniciativa privada, no que é secundado pelo judiciário e suas sentenças absurdas, evidenciando total desconhecimento da matéria sobre a qual se pronuncia com empáfia irritante e estultice gritante. Mais do que isso, assusta-me o total alheamento do alunado que transformou a escola e a universidade em um rito obrigatório, enfadonho, a ser cumprido com o menor esforço possível. Para isso, conta com a ajuda de corpos docentes também desinteressados, acumulando dedicações exclusivas que não cumprem e se tornando cúmplices do alunado, um lado não aborrecendo o outro. O ensino está muito fraco, sem exigências e sem cobranças. Com a vida difícil obrigando o casal a trabalhar, os pais entregam o estudante à instituição transformada em depósito, como várias vezes tenho escrito, e não se preocupam com o que está sendo ensinado. O estudante fica solto para escolher o rumo que melhor lhe aprouver e as tentações são grandes nesta sociedade insegura e que se tornou libertina. A televisão invade os lares, trazendo sempre, além das más notícias costumeiras (que terminam com um ofensivo "boa-noite..."), a violência e a licenciosidade em todos os horários, maculando a pureza e gerando conflitos comportamentais. Se a família se desagrega, a escola seguiu o mesmo destino e afrouxou normas de disciplina, não mais educa, e, igualmente, reduziu as obrigações. A falência do ensino público e a campanha contra a escola particular criaram esse vácuo de responsabilidade, seja pela falta de meios seja pelo desânimo e irritação que sórdidas questiúnculas, fomentadas pelos que se alimentam de crises fabricadas, inoculam no relacionamento que deveria ser amistoso e produtivo. A escola pública não existe e a particular é apontada como inimiga. Foi-se o tempo do convívio e do respeito em que o estabelecimento de ensino era um ambiente sadio em que se fortaleciam amizades, recebíamos lições inesquecíveis, crescíamos com exemplos, aprendíamos a lidar com a vida e, fundamentalmente, integrávamos uma comunidade. A escola (mesmo sendo cruel...) representava um momento importante, motivo de orgulho, um anseio, uma passagem que ficava gravada no coração e da qual, nas formaturas solenes – não a bagunça de hoje – nos despedíamos emocionados, mas nos sentindo preparados para continuar. Atualmente, quebraram-se os liames, sumiram vocações, terminou a cordialidade, criaram-se conflitos, mercenarizaram-se o ensino e os professores, a escola se tornou imperativa e exploradora, as amizades não mais existem, a convivência transformou-se em embates diários e cada parte procura a melhor forma de enganar a outra, com o fingimento presidindo o relacionamento e as decisões. É tudo falso, o aluno não aprende nem quer, o professor não ensina nem quer, a autoridade não promove a educação nem quer. O clima é esse, infelizmente, provocando decepções aos bem formados e desestimulando aqueles que ainda cultivavam ideais de outros tempos. Foi-se o tempo e foram-se os ideais.
Abro a coluna para revelar que, embora, como já proclamado, tenha uma relação afetuosa com as palavras, cultivando-as com carinho, não encontro a correta, adequada, suficiente, completa, definitiva para externar meus sentimentos diante do Parapan: Admiração? Surpresa? Respeito? Superação? Solidariedade? Espanto? Exemplo? Reação? Vergonha preconceituosa? Não sei, talvez seja uma mistura delas todas, mas me emocionei, comovi-me com as demonstrações de garra, bom-humor, simplicidade, conquista, naturalidade, nenhuma queixa, alegria, sorrisos e muitas medalhas ornando os peitos justamente orgulhosos de suas façanhas. A lamentar a insensibilidade da iniciativa privada que não patrocinou como devia os jogos, incapaz de ver o retorno evidente face à magnitude da causa, que se, por acaso, não fosse contabilizada como lucro, permaneceria eternamente gravada nos corações e mentes, receberia a gratidão dos participantes e o reconhecimento do público. As empresas perderam a oportunidade de demonstrarem ter responsabilidade social. Infelizmente, nenhuma a tem...
Faço parágrafo e, iniciado o semestre, continuo a ver que a educação agoniza e nada se faz. Não existe qualquer movimento de reação e talvez nunca o setor tenha estado em mãos tão ruins. O MEC lançando planos inviáveis, cheios de tabelas e exigências estapafúrdias, avaliações esotéricas, não cogitando de parcerias produtivas e procurando justificar os últimos lugares que ocupamos no ranking das nações, sem falar na interferência indébita do executivo e sua pregação demagógica que visa estiolar os esforços da iniciativa privada, no que é secundado pelo judiciário e suas sentenças absurdas, evidenciando total desconhecimento da matéria sobre a qual se pronuncia com empáfia irritante e estultice gritante. Mais do que isso, assusta-me o total alheamento do alunado que transformou a escola e a universidade em um rito obrigatório, enfadonho, a ser cumprido com o menor esforço possível. Para isso, conta com a ajuda de corpos docentes também desinteressados, acumulando dedicações exclusivas que não cumprem e se tornando cúmplices do alunado, um lado não aborrecendo o outro. O ensino está muito fraco, sem exigências e sem cobranças. Com a vida difícil obrigando o casal a trabalhar, os pais entregam o estudante à instituição transformada em depósito, como várias vezes tenho escrito, e não se preocupam com o que está sendo ensinado. O estudante fica solto para escolher o rumo que melhor lhe aprouver e as tentações são grandes nesta sociedade insegura e que se tornou libertina. A televisão invade os lares, trazendo sempre, além das más notícias costumeiras (que terminam com um ofensivo "boa-noite..."), a violência e a licenciosidade em todos os horários, maculando a pureza e gerando conflitos comportamentais. Se a família se desagrega, a escola seguiu o mesmo destino e afrouxou normas de disciplina, não mais educa, e, igualmente, reduziu as obrigações. A falência do ensino público e a campanha contra a escola particular criaram esse vácuo de responsabilidade, seja pela falta de meios seja pelo desânimo e irritação que sórdidas questiúnculas, fomentadas pelos que se alimentam de crises fabricadas, inoculam no relacionamento que deveria ser amistoso e produtivo. A escola pública não existe e a particular é apontada como inimiga. Foi-se o tempo do convívio e do respeito em que o estabelecimento de ensino era um ambiente sadio em que se fortaleciam amizades, recebíamos lições inesquecíveis, crescíamos com exemplos, aprendíamos a lidar com a vida e, fundamentalmente, integrávamos uma comunidade. A escola (mesmo sendo cruel...) representava um momento importante, motivo de orgulho, um anseio, uma passagem que ficava gravada no coração e da qual, nas formaturas solenes – não a bagunça de hoje – nos despedíamos emocionados, mas nos sentindo preparados para continuar. Atualmente, quebraram-se os liames, sumiram vocações, terminou a cordialidade, criaram-se conflitos, mercenarizaram-se o ensino e os professores, a escola se tornou imperativa e exploradora, as amizades não mais existem, a convivência transformou-se em embates diários e cada parte procura a melhor forma de enganar a outra, com o fingimento presidindo o relacionamento e as decisões. É tudo falso, o aluno não aprende nem quer, o professor não ensina nem quer, a autoridade não promove a educação nem quer. O clima é esse, infelizmente, provocando decepções aos bem formados e desestimulando aqueles que ainda cultivavam ideais de outros tempos. Foi-se o tempo e foram-se os ideais.
P.S.: Quando o ex-operário, guindado à presidência do país, abandona os discursos escritos pelos assessores (como o artigo que ele assinou e que, pelo jeito, nem leu, afinal seria uma grande esforço...) temos a certeza de que os improvisos, além das costumeiras agressões ao idioma, trarão conceituações estranhas, ridículas, afirmações mirabolantes. Agora (como me refiro à semana passada, deve ter havido outras...) equiparou o assistencialismo demagógico e eleitoreiro do bolsa-família com a bolsa de estudos que representa importante investimento no futuro para o avanço tecnológico, científico e cultural e que não atende somente aos bem-nascidos, cabendo frisar que tem prazo estipulado e cobrança de resultados. O bolsa-família é, em tese, um programa elogiável e necessário, mas tem sido desvirtuado, transformando-se, ao contrário do devido, em incentivo à indolência e não à busca da dignidade, ao encontro do trabalho que redime. A grande meta do bolsa-família seria a de, a cada ano, reduzir os agraciados porque se inseriram na força produtiva, passaram a receber salário e não esmola. Mas como os reais distribuídos compram votos e sustentam a popularidade que massageia o ego inflado de Sua Excelência, é lógico que nada se modificará. E o que dizer das indenizações e pensões dos que trocaram o presuntivo idealismo pelas moedas, muito mais de trinta? Sua Excelência também belisca da benesse acintosa.
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