Publicado em Estado de Minas, 21/08/2007 - Belo Horizonte MG
João Luís Almeida Machado, Professor universitário, pesquisador, mestre em educação, arte e história da cultura, editor do portal Planeta Educação
Um olhar crítico sobre a vida universitária no Brasil leva-me à triste conclusão de que, salvo honrosas exceções, as universidades que temos aqui não conseguiram construir uma mentalidade acadêmica producente, como a que existe e vigora na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. Percebo, claramente, que a falta de uma vida acadêmica nos moldes tradicionais, algo próximo daquilo que vemos em outros países, não permite aos nossos estudantes da graduação uma real imersão no espírito de pesquisa, formação, estudos acadêmicos e aperfeiçoamento profissional, humano e técnico que as universidades deveriam proporcionar-lhes. E o que quero dizer com vida acadêmica? Refiro-me a uma vivência que leve o aluno a estudar com vigor, a freqüentar a biblioteca da instituição, a fazer pesquisas de campo, a participar de aulas práticas com regularidade, a ter aulas que lhes cobrem o máximo de aprofundamento e dedicação e a envolver-se com eventos culturais e científicos promovidos nos câmpus. É verdade que as universidades federais e algumas particulares perseguem a aura de instituições reconhecidas pela qualidade de seus cursos e produtividade científica. Muitas têm como propósito consolidar a qualidade no ensino superior brasileiro. Ainda assim, falta no Brasil a cultura educacional que permite a formação integral de profissionais capacitados a ingressar no mercado. Os rumos da educação demandam seriedade e comprometimento das autoridades. Creio que a via prioritária para que qualquer país se emancipe econômica, social, política e culturalmente passa pela educação de qualidade, em todos os níveis. Nesse sentido, é preciso destacar que as novas instituições privadas de ensino universitário surgidas nos últimos 15 anos no Brasil também devem repensar suas estruturas. Essas universidades ou faculdades carecem de maior preocupação com a qualificação do corpo docente. A entrada para o ensino de qualidade também passa pela incorporação das tecnologias e pela melhoria da infra-estrutura, mas é essencial que o trabalho dos educadores seja prestigiado e que o corpo docente dessas instituições seja formado por mestres e doutores. Reina entre elas, infelizmente, uma mentalidade mercantilista. Oferecem um belo cartão de visitas, mas procuram economizar na contratação dos docentes. Não podemos também nos esquecer de que aos estudantes compete encarar com seriedade os estudos na universidade, o que não ocorre em muitos casos. A graduação não é uma continuidade do ensino médio. É a porta de entrada para o mundo do trabalho, em que serão exigidos ao máximo. A avaliação dos alunos, realizada no ensino superior, tem que ser mais rigorosa, tendo por base a leitura, a participação em sala de aula, em pesquisas e o grau de comprometimento com o saber. E os universitários têm também de partilhar, com maturidade, dessas exigências (que caso não sejam feitas pela instituição e pelos docentes, devem ser cobradas pelos estudantes). Se a formação for deficiente e ainda assim os graduandos forem aprovados, o custo maior será pago por esses jovens, quando tentarem ingressar no mercado de trabalho, no qual acabarão sendo irremediavelmente reprovados.
João Luís Almeida Machado, Professor universitário, pesquisador, mestre em educação, arte e história da cultura, editor do portal Planeta Educação
Um olhar crítico sobre a vida universitária no Brasil leva-me à triste conclusão de que, salvo honrosas exceções, as universidades que temos aqui não conseguiram construir uma mentalidade acadêmica producente, como a que existe e vigora na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. Percebo, claramente, que a falta de uma vida acadêmica nos moldes tradicionais, algo próximo daquilo que vemos em outros países, não permite aos nossos estudantes da graduação uma real imersão no espírito de pesquisa, formação, estudos acadêmicos e aperfeiçoamento profissional, humano e técnico que as universidades deveriam proporcionar-lhes. E o que quero dizer com vida acadêmica? Refiro-me a uma vivência que leve o aluno a estudar com vigor, a freqüentar a biblioteca da instituição, a fazer pesquisas de campo, a participar de aulas práticas com regularidade, a ter aulas que lhes cobrem o máximo de aprofundamento e dedicação e a envolver-se com eventos culturais e científicos promovidos nos câmpus. É verdade que as universidades federais e algumas particulares perseguem a aura de instituições reconhecidas pela qualidade de seus cursos e produtividade científica. Muitas têm como propósito consolidar a qualidade no ensino superior brasileiro. Ainda assim, falta no Brasil a cultura educacional que permite a formação integral de profissionais capacitados a ingressar no mercado. Os rumos da educação demandam seriedade e comprometimento das autoridades. Creio que a via prioritária para que qualquer país se emancipe econômica, social, política e culturalmente passa pela educação de qualidade, em todos os níveis. Nesse sentido, é preciso destacar que as novas instituições privadas de ensino universitário surgidas nos últimos 15 anos no Brasil também devem repensar suas estruturas. Essas universidades ou faculdades carecem de maior preocupação com a qualificação do corpo docente. A entrada para o ensino de qualidade também passa pela incorporação das tecnologias e pela melhoria da infra-estrutura, mas é essencial que o trabalho dos educadores seja prestigiado e que o corpo docente dessas instituições seja formado por mestres e doutores. Reina entre elas, infelizmente, uma mentalidade mercantilista. Oferecem um belo cartão de visitas, mas procuram economizar na contratação dos docentes. Não podemos também nos esquecer de que aos estudantes compete encarar com seriedade os estudos na universidade, o que não ocorre em muitos casos. A graduação não é uma continuidade do ensino médio. É a porta de entrada para o mundo do trabalho, em que serão exigidos ao máximo. A avaliação dos alunos, realizada no ensino superior, tem que ser mais rigorosa, tendo por base a leitura, a participação em sala de aula, em pesquisas e o grau de comprometimento com o saber. E os universitários têm também de partilhar, com maturidade, dessas exigências (que caso não sejam feitas pela instituição e pelos docentes, devem ser cobradas pelos estudantes). Se a formação for deficiente e ainda assim os graduandos forem aprovados, o custo maior será pago por esses jovens, quando tentarem ingressar no mercado de trabalho, no qual acabarão sendo irremediavelmente reprovados.
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