Pensar o mundo sob a perspectiva de números nos dá um conforto para a nossa insegurança humana, mas também pode trazer muitas projeções equivocadas. Vamos ver....
Neste período de Copa do Mundo é quase impossível fugir ao assunto futebol. Numa dessas mudanças de canal, assisti uma entrevista do jogador Roberto Carlos comentando a trajetória do colega Cafú na Seleção Canarinho. Segundo os números, dizia o jogador do Real Madrid, Cafú tem um retrospecto melhor até que o de Pelé! Será mesmo que podemos nos pautar nesses indicadores? Onde se avalia o potencial criativo de uma pessoa?
Até pouco tempo atrás na área acadêmica, os professores universitários Brasileiros eram obrigados a publicar artigos científicos em edições de relevância científica para assegurar os seus proventos. A quantidade é amiga da qualidade? O Ministério da Educação demorou para lembrar que a resposta é não!
Voltemos ao caso do jogador Cafú para compreender outro fenômeno, que não é Ronaldo(!): o que é informação? Dados e informação são a mesma coisa? Por que um lance brilhante, entre muitos, de Pelé na Copa de 70, ainda que exaustivamente copiado, é único?
Segundo a estatística esportiva, o São Paulo F.C. foi mais time que o próprio Santos de Pelé, o Flamengo de Zico e até mesmo o Barcelona. Por que não olhar de outra forma: o que era significativo na década de 60? Como os torneios, e em que condições (técnicas, políticas e sociais) se realizavam as partidas de futebol naquela época? Só para pontuar para os mais jovens: era comum na década de 80 os jogadores Sul-Americanos entrarem em campo com pedras na mão para atirar no adversário nos jogos da Taça Libertadores. O jogo entre Flamengo e Cobreloa em 1981 serve como, mas vamos deixar isto de lado e voltar à pauta principal.
O dado é um número frio, sem representatividade, sem contexto. Isoladamente o dado nada significa. A informação é a teia de dados avaliadas mediante a uma análise, a chamada "inteligência operativa". Em outras palavras, nada adianta Cafú se sagrar campeão pelo Brasil, pois Pelé continuará eterno, não pelos mais de 1000 gols que assinalou (aliás, Romário anda tentando igualar a marca...), mas pelos feitos ao longo da vida. Ele empreendeu, inovou! Retratar uma Monalisa hoje não é absolutamente original, como também não há nada de genial em se elaborar tratados de anatomia, mas na época que Leonardo da Vinci os fez... é outra coisa!!
Só para consolidar o pensamento, procure se desvencilhar das paixões esportivas e veja por outro lado: o que representam os títulos conquistados por Michael Schumacher na Fórmula 1? Ele foi mais piloto que Fangio, Senna, Piquet, Prost, Lauda, dentre outros grandes pilotos? Arriscaria dizer que Schumacher tem um estilo próprio, mas nada que o credencie como o melhor piloto de todos os tempos, apenas com base na quantidade de títulos conquistados!
No esporte, na vida pessoal e nas empresas, os indicadores precisam ser também pensados e não simplesmente engolidos sem questionamento. Cuidado, portanto, com os comentaristas que pretensamente dizem fazer uma avaliação "científica" do esporte! No mundo dos negócios, então, a situação pode ser até pior.
É prática relativamente comum no setor industrial a adoção de métodos de Controle Estatístico de Processo. O controle da qualidade disseminou-se por todas as áreas da atividade econômica. Ok, trata-se de um balizador para as decisões. Mas não se pode ficar só nisso. Muitas pesquisas de opinião são realizadas de forma equivocada e apontam tendências e direções que tendem a complicar mais do que ajudar o empresário. Imagine você avaliar seus relacionamentos afetivos pela quantidade de encontros amorosos, não pela profundidade. Na era das incertezas, as estatísticas servem para aplacar a nossa insegurança de ser humano..., mas vamos deixar para comentar isto para outro dia.
Que a paz e o respeito à diversidade prevaleçam!
Neste período de Copa do Mundo é quase impossível fugir ao assunto futebol. Numa dessas mudanças de canal, assisti uma entrevista do jogador Roberto Carlos comentando a trajetória do colega Cafú na Seleção Canarinho. Segundo os números, dizia o jogador do Real Madrid, Cafú tem um retrospecto melhor até que o de Pelé! Será mesmo que podemos nos pautar nesses indicadores? Onde se avalia o potencial criativo de uma pessoa?
Até pouco tempo atrás na área acadêmica, os professores universitários Brasileiros eram obrigados a publicar artigos científicos em edições de relevância científica para assegurar os seus proventos. A quantidade é amiga da qualidade? O Ministério da Educação demorou para lembrar que a resposta é não!
Voltemos ao caso do jogador Cafú para compreender outro fenômeno, que não é Ronaldo(!): o que é informação? Dados e informação são a mesma coisa? Por que um lance brilhante, entre muitos, de Pelé na Copa de 70, ainda que exaustivamente copiado, é único?
Segundo a estatística esportiva, o São Paulo F.C. foi mais time que o próprio Santos de Pelé, o Flamengo de Zico e até mesmo o Barcelona. Por que não olhar de outra forma: o que era significativo na década de 60? Como os torneios, e em que condições (técnicas, políticas e sociais) se realizavam as partidas de futebol naquela época? Só para pontuar para os mais jovens: era comum na década de 80 os jogadores Sul-Americanos entrarem em campo com pedras na mão para atirar no adversário nos jogos da Taça Libertadores. O jogo entre Flamengo e Cobreloa em 1981 serve como, mas vamos deixar isto de lado e voltar à pauta principal.
O dado é um número frio, sem representatividade, sem contexto. Isoladamente o dado nada significa. A informação é a teia de dados avaliadas mediante a uma análise, a chamada "inteligência operativa". Em outras palavras, nada adianta Cafú se sagrar campeão pelo Brasil, pois Pelé continuará eterno, não pelos mais de 1000 gols que assinalou (aliás, Romário anda tentando igualar a marca...), mas pelos feitos ao longo da vida. Ele empreendeu, inovou! Retratar uma Monalisa hoje não é absolutamente original, como também não há nada de genial em se elaborar tratados de anatomia, mas na época que Leonardo da Vinci os fez... é outra coisa!!
Só para consolidar o pensamento, procure se desvencilhar das paixões esportivas e veja por outro lado: o que representam os títulos conquistados por Michael Schumacher na Fórmula 1? Ele foi mais piloto que Fangio, Senna, Piquet, Prost, Lauda, dentre outros grandes pilotos? Arriscaria dizer que Schumacher tem um estilo próprio, mas nada que o credencie como o melhor piloto de todos os tempos, apenas com base na quantidade de títulos conquistados!
No esporte, na vida pessoal e nas empresas, os indicadores precisam ser também pensados e não simplesmente engolidos sem questionamento. Cuidado, portanto, com os comentaristas que pretensamente dizem fazer uma avaliação "científica" do esporte! No mundo dos negócios, então, a situação pode ser até pior.
É prática relativamente comum no setor industrial a adoção de métodos de Controle Estatístico de Processo. O controle da qualidade disseminou-se por todas as áreas da atividade econômica. Ok, trata-se de um balizador para as decisões. Mas não se pode ficar só nisso. Muitas pesquisas de opinião são realizadas de forma equivocada e apontam tendências e direções que tendem a complicar mais do que ajudar o empresário. Imagine você avaliar seus relacionamentos afetivos pela quantidade de encontros amorosos, não pela profundidade. Na era das incertezas, as estatísticas servem para aplacar a nossa insegurança de ser humano..., mas vamos deixar para comentar isto para outro dia.
Que a paz e o respeito à diversidade prevaleçam!
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