2010/07/04

Imprensa calada

Não sei se vocês já ouviram falar. Eu não tinha ainda ouvido nada a respeito, até que um amigo me mandou um e-mail alertando para o papel da imprensa, que, por um lado, promove um verdadeiro espetáculo na cobertura do caso Bruno, nos levando à exaustão com detalhes e ilações as mais diversas, sob o pretexto da garantia do livre acesso às informações como fundamento da democracia.

Ademais, há um interesse não-manifesto da imprensa, do Grupo Abril, inclusive, de se associar a imagem do cidadão Bruno ao Flamengo, que nada tem a ver com os problemas judiciais dele ou de qualquer outro empregado da agremiação. Ao contrário do que se noticiou, seria, no minimo, uma atitude tão odiosa quanto se ceifar uma vida humana, punir um indivíduo sem que exista possibilidade de defesa. Bruno merece ser lembrado pelo que fez pelo Clube dentro de campo, não fora dele, assim como deve ocorrer com qualquer outro atleta.

Inocentes no episódio são as crianças, que nenhuma culpa tem. Cabe à justiça investigar e punir os culpados no devido tempo, com o direito de defesa plenamente exercido! Antes disso, é expor as famílias e os inocentes a maquinações indevidas. Os covardes escondem-se nas críticas sectárias, sem nada prover, para apenas usar do senso comum e remoer antigos rancores clubísticos. Somente um cronista teve a coragem de se contrapor à imprensa marrom e à massa de manobra que virou a opinião pública!

Por outro lado, a mídia se cala covardemente a respeito de fatos quando os envolvidos – ainda que indiretamente - são pessoas de destaque, importantes ou, pior, quando são proprietários de redes de comunicação, como é o caso do estupro ocorrido em Florianópolis. Lá em SC ou no Rio Grande do Sul, a imprensa escrita nada diz, simplesmente porque os principais jornais são de propriedade do pai do estuprador. Idem a principal rede televisiva, retransmissora da programação da Globo. Leio diariamente a Folha de SP e assisto alguns noticiários na TV. Nada li ou vi sobre o assunto. Pior: um amigo esteve em Florianópolis, por 2 semanas, alguns dias depois do ocorrido. Não viu nenhuma conversa ou notícia sobre o assunto.

E é essa mesma imprensa que repudia violentamente qualquer possibilidade de controle externo, alegando a liberdade de imprensa – valor pelo qual nós tivemos que lutar, décadas atrás. E quem controla o poder das redes, o monopólio da informação? Naveguem nos links dos blogs de Elio Gaspari e do Conversa Fiada para ler o que foi dito sobre o assunto.

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