2010/07/06

DESTRALHE-SE

Texto: Carlos Solano


-"-Bom dia, como tá a alegria"? Diz dona Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar.
- "Antes de dar uma benzida na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.

Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos; 12 fazem a vida prosperar". Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada". Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa há um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas,
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas antigas,
- remédios vencidos,
- meias velhas e furadas,
- sapatos estragados...

Ufa, que peso! "O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca. "Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa!", ela diz, enquanto me ajuda a 'destralhar', ou liberar as tralhas da casa... O 'destralhamento' é a forma mais rápida de transformar a vida e ajudar as outras eventuais terapias. Com o destralhamento:
- A saúde melhora;
- A criatividade cresce;
- Os relacionamentos se aprimoram...

É comum se sentir cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos". Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da
bagunça":
- sentir-se desorganizado;
- fracassado;
- limitado;
- aumento de peso;
- apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga;
Na entrada, restringem o fluxo da vida;
Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;Acima de nós, são dores de cabeça;
"Sob a cama, poluem o sono".
"Oito horas, para trabalhar;Oito horas, para descansar; Oito horas, para se cuidar."

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
- Por que estou guardando isso?
- Será que tem a ver comigo hoje?
- O que vou sentir ao liberar isto?

...e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!

Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...

e também...
- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.

"Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará.. Se não deixas sair o que está em ti, o que não deixas sair te destruirá", Arremata o mestre Jesus, no evangelho de Tomé.

"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a sabedoria oriental. O ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.

Dona Francisca me conta que "as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo".. a gente deveria de ser assim, ela diz: "Destralhar ajuda a adocicar." Se os sábios concordam, quem sou eu para
discordar...

“Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar ” *Dalai Lama*

2010/07/04

Imprensa calada

Não sei se vocês já ouviram falar. Eu não tinha ainda ouvido nada a respeito, até que um amigo me mandou um e-mail alertando para o papel da imprensa, que, por um lado, promove um verdadeiro espetáculo na cobertura do caso Bruno, nos levando à exaustão com detalhes e ilações as mais diversas, sob o pretexto da garantia do livre acesso às informações como fundamento da democracia.

Ademais, há um interesse não-manifesto da imprensa, do Grupo Abril, inclusive, de se associar a imagem do cidadão Bruno ao Flamengo, que nada tem a ver com os problemas judiciais dele ou de qualquer outro empregado da agremiação. Ao contrário do que se noticiou, seria, no minimo, uma atitude tão odiosa quanto se ceifar uma vida humana, punir um indivíduo sem que exista possibilidade de defesa. Bruno merece ser lembrado pelo que fez pelo Clube dentro de campo, não fora dele, assim como deve ocorrer com qualquer outro atleta.

Inocentes no episódio são as crianças, que nenhuma culpa tem. Cabe à justiça investigar e punir os culpados no devido tempo, com o direito de defesa plenamente exercido! Antes disso, é expor as famílias e os inocentes a maquinações indevidas. Os covardes escondem-se nas críticas sectárias, sem nada prover, para apenas usar do senso comum e remoer antigos rancores clubísticos. Somente um cronista teve a coragem de se contrapor à imprensa marrom e à massa de manobra que virou a opinião pública!

Por outro lado, a mídia se cala covardemente a respeito de fatos quando os envolvidos – ainda que indiretamente - são pessoas de destaque, importantes ou, pior, quando são proprietários de redes de comunicação, como é o caso do estupro ocorrido em Florianópolis. Lá em SC ou no Rio Grande do Sul, a imprensa escrita nada diz, simplesmente porque os principais jornais são de propriedade do pai do estuprador. Idem a principal rede televisiva, retransmissora da programação da Globo. Leio diariamente a Folha de SP e assisto alguns noticiários na TV. Nada li ou vi sobre o assunto. Pior: um amigo esteve em Florianópolis, por 2 semanas, alguns dias depois do ocorrido. Não viu nenhuma conversa ou notícia sobre o assunto.

E é essa mesma imprensa que repudia violentamente qualquer possibilidade de controle externo, alegando a liberdade de imprensa – valor pelo qual nós tivemos que lutar, décadas atrás. E quem controla o poder das redes, o monopólio da informação? Naveguem nos links dos blogs de Elio Gaspari e do Conversa Fiada para ler o que foi dito sobre o assunto.