2010/06/03

Vende-se Tudo

No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos.

O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.

Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.

Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.

Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.

No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.

Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.

Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que se torna cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida... Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.

Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.

Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.


... só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir, é melhor refletir e começar
a trabalhar o DESAPEGO JÁ !


Martha Medeiros

2010/06/01

Princípio do Vazio

Tens o hábito de juntar objetos inúteis acreditando que um dia (não sabes quando) vais necessitar deles?

Tens o hábito de juntar dinheiro sem gastá-lo, pois imaginas que ele poderá faltar no futuro?

Tens o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outras coisas que já não usas há muito tempo? E dentro de ti?

Tens o hábito de guardar raivas, ressentimentos, tristezas, medos e outros sentimentos negativos? Não faças isso! Vai contra a tua prosperidade. É preciso deixar um espaço, um vazio para que novas coisas cheguem à tua vida.

A força deste vazio é que atrairá e absorverá tudo o que desejas.
Se acumulares objetos e sentimentos velhos e inúteis não terás espaço para novas oportunidades. Os bens necessitam circular. Limpe as gavetas, os armários, o depósito, a garagem… A mente… Doe tudo aquilo que já não usas.

A atitude de guardar um monte de coisas inúteis só acorrenta a tua vida. Não são só os objetos guardados que paralisam a tua vida. Eis o significado da atitude de guardar: quando se guarda, se considera a possibilidade de falta, de carência. Acredita-se que, amanhã, poderá faltar e que não haverá maneira de suprir as necessidades.

Com esse pensamento, estás enviando duas mensagens ao teu cérebro e à tua vida: A de que não confias no amanhã, que o novo e o melhor NÃO são para ti. Por isso te alegras guardando coisas velhas e inúteis! Até o que já perdeu a cor e o brilho. Deixa entrar o novo em tua casa, dentro de ti.

Joseph Newton