2007/12/18

O mundo depois de mim

Antes de existir, a ciência já noticiava fatos novos. Quando eu partir, não sei de quais sentirei falta, pois apenas os sobrenaturais poderão realmente me interessar...

A perspectiva para o futuro do que conheci como mundo é de agravamento das condições ambientais. Lamento pela quantidade de lixo que terei gerado e deixarei como legado de veneno para as gerações futuras.

Brinquedos, utensílios, material de higiene e limpeza, resíduos químicos, entre uma infinidade de artefatos industrializados ainda hoje estão no meio ambiente após o meu uso. A fauna e a flora padecerão por minha existência.

E houve contribuição positiva? Não serei um mártir, não serei um herói, não serei um ícone, apenas sou, serei e fui uma pessoa comum, com anseios comuns. O que tenho de mais valoroso são os meus familiares, ascendentes e descendentes. Agrego a este grupo pessoas, animais e plantas que muito amei e jamais me esquecerei enquanto viver. O que deixarei de positivo tem diminuto valor em termos econômicos, político e cultural.

Uma vida pautada na ética, no respeito à vida (a vida é frágil, o meu lema. Volto a escrever sobre isso algum dia), somente isso. Solidariedade é a maior virtude que deixarei pelo exemplo de vida. Muitos outros me superaram neste quesito, sem dúvida. Por isso, retorno ao ponto de me considerar comum, mas ainda com muita vantagem em relação aos demais.

Se forem descontados os meus defeitos (impaciência, ira, insegurança, avareza, luxúria ... puxa!) volto a me destacar da multidão. Consegui vencer alguns; outros estão em processo de melhoria. À luz do dia só despontam as virtudes. À noite me assaltam temores, reflexões, saudades. Dou-me conta do avançar do tempo. Parece correr mais depressa ou é mera impressão?

Algumas habilidades ficaram pelo caminho. O raciocínio numérico já não é tão ágil. A coragem é cada vez menor, logo esta que não veio em grandes doses ao meu nascer.

Penso nos que se foram, nos que estão comigo e podem ir quando chegar o tempo, que espero estar muito longe. O tempo que me foi dado gostaria de melhor usar. A prisão das obrigações da vida consomem a minha imaginação, o meu ser feliz! Eram estas as outras virtudes que me destacavam dos comuns, além do humor e do bem escrever.

Nem todos os sonhos eu realizei, nem todas as metas eu superei. Criei problemas e trouxe soluções, só não sei em que proporção. Almejo, de verdade, que a vida continue a ser a minha aliada na realização do bem!

2007/12/10

Notícias de Paris

Vejam as dificuldades de um pesquisador da CAPES em Paris:

Pra minha família e meus amigos

As coisas aqui estão ainda devagar, embora já tenha passado a fase da ansiedade e angustia, (cheguei a baixar no hospital de urgência com uma forte dor na coluna e sem poder mover as pernas o que me deixou prostrado por três dias dentro de casa) O saldo disso tudo é que pude pensar que a morosidade não é por minha culpa – os colegas passaram a me contar historias escabrosas, de gente que ficou um mês ao sabor de resolver coisas pendentes. Então tenho confiança que logo tudo deverá se ajustar de alguma forma e não pode ser de outra maneira.
Até antes da “parada forçada” estava preocupado e ansioso em não ter ainda feito quase nada do que havia planejado e olha que já são quase vinte dias que estou aqui, correndo pra consulado, entregar credenciais em bibliotecas, encontrar outros pesquisadores, assistir palestras, resolver pendências e enviar documentos para a CAPES, obter documentação prá abrir conta no Banco do BRASIL aqui em Paris, onde a legislação é outra e pede documentos em profusão.
Ao conversar com as pessoas aqui é que fiquei vendo que essa pasmaceira e indefinição não é um problema só meu, mas de todo mundo que vem estudar aqui fora. Há casos de pessoas que ficaram um mês à deriva fruto da adaptação que nunca é fácil, do entender e de se ajustar ao novo cultural por conta da dificuldade de saber onde e o que comer, para que lado ir, o que e como comprar as coisas, arrumar um lugar para morar, para lavar roupa, descobrir o produto a usar, para a limpeza da casa, (pois é sou eu mesmo quem tem que lavar meus pratos, limpar o banheiro, a casa e lavar e passar as roupas).
Foi complicado até descobrir onde ficava a internet mais próxima da casa, onde ficava a escola, onde, como e qual o melhor metrô a pegar. Onde fica o correio, onde comprar envelopes, onde fica a farmácia - sem falar na greve dos transportes que durou um bocado de dias e me deixou totalmente inseguro. Agora há a ameaça de greve nas escolas.
São muitas as inseguranças e as saudades, como também as preocupações com as questões a resolver. Alem de as vezes não saber como me locomover, tem também o retraimento natural que queiramos ou não toma conta da gente num ambiente novo pelo medo de pagar mico ou fazer bobagens. Tem um ditado que diz : quando uma galinha entra num terreiro estranho ela nunca pisa com os dois pés”
Há uma diferença grande em vir aqui passar uma semana ou um mês e de vir com a perspectiva de ficar mais tempo (por mais que a gente tenha tomado todas (!!!!!!) as precauções. Só vendo prá perceber ou crer. As vezes pinta uma sensação de impotência, desamparo (coitadinho de mim) e tem dias que eu estaco que nem burro. Digo que não vou sair com a desculpa de que é porque vou ficar em casa preparando algum texto. O povo aqui já mostrou que isso “faz parte do script” e que na verdade é o medo de enfrentar “ a rua” o desconhecido. É proteção e que devo me desvencilhar dela o quanto antes. Já me ensinaram que lugar de estudar é na biblioteca. É La que alem de tudo a gente encontra as pessoas que passam a tranqüilidade prá gente e que nos informam das coisas que estão acontecendo na metrópole.
Depois de penar por 10 dias num hotel simples ( mas caro prá burro) consegui alugar um apartamento. Tive muita sorte pois Paris é uma cidade sempre lotada e com escassez de imóveis para alugar e quando se acha é CARISSIMO. Estou pagando os olhos da cara, mas é um apartamento agradável. Fica numa rua pequena, tranqüila, sem saida e perto de mercados, açougues, restaurantes e bares situados numa rua paralela. É também perto da Opera, da Igreja da Madleine, do Sacre Coeur e de uma série de atrações de Paris. E o melhor o metrô fica a 2 minutos a pé.
Agora já estou mais confortável. Já faço os roteiros de metrô com mais segurança, tenho os meus fregueses na padaria, no café da esquina, no açougue, na pizzaria mas, só não consigo mesmo é pegar ônibus pois prah mim ainda é complicado e tenho medo de ir parar na Conchinchina.
Só não estou achando agradável é lavar e passar roupa diariamente (trouxe pouca roupa e resolvi só comprar em último caso) O pessoal aqui anda muito arrumado e como eu trouxe pouca roupa, então todo dia é a mesma rotina, esfregar, torcer, enxaguar, estender e passar. As vezes o braço dói tanto que parece vai soltar do ombro, mas a dureza não acaba aí, pois tenho ainda que fazer compras e subir escadas com um monte de coisa no braço (estou criando músculos) e não posso esquecer de nada, pois senão vou ter que descer no frio e enfrentar a infernal escada. Tou ficando neurótico e às vezes me vejo ariando panelas e alimentando o desejo de vê-las brilhando que nem espelho. Ainda tem uns gerânios na janela que o proprietário me recomendou que eu não deixasse de molhar e de vez em quando eu me vejo perguntando a mim mesmo : Será que eu já molhei ? - Pois é; estou falando sozinho, certamente tou ficando louco.
Aliás, a loucura mesmo está mais evidente na rotina que me imponho com o medo de perder as chaves ou de descobrir que bati a porta do apartamento com elas dentro. A rotina de verificação das chaves me tira do sério. Tem também o celular - Já paguei um mico pois esqueci de desligá-lo numa palestra que eu estava assistindo. Estou pagando as minhas dividas na Terra. Sou eu quem faz a comida e o pior (!!!) ... eu sou também a cobaia de refeições preparadas com carnes compradas na “ intuição” , temperadas “no susto” com ervas que não conheço e suponho dar algum resultado tragável ) preparadas num tempo estimado à revelia e cujo resultado dá sempre algo salgado ou sem sal, de gosto estranho. O acompanhamento é sempre de arroz (ou batata) endurecidos ou cozidos em demasia – o que a gente costuma chamar de “papa” ou mingau. A técnica de comer consiste em engolir grandes porções alternando goladas de vinho e “distraindo as idéias” com a televisão ligada. Até hoje não tive vontade de repetir os pratos.
Voilá.....Essa é a vida de um solitário no exterior ....... c’ est la vie ..... como dizem os franceses.
Tem as compensações e uma dela é poder ver a cidade tomando o clima do Natal, as lojas e as ruas ganhando novas cores. A meteorologia avisa que vai nevar e estou na expectativa. Outra coisa é poder – na volta da escola - passar nas tendas e encher a sacola, de vinho, queijos, embutidos e chegar em casa, ligar o rádio (tem uma emissora que só toca jazz), provar de tudo um pouco, esperar que o vinho faça efeito e experimentar, tristeza, alegria,conforto, desconforto, agradecer a dádiva de estar aqui e depois cair no sono sem saber que horas ele chegou ......e só acordar prá calar o rádio que me fez companhia a noite inteira e eu nem tinha percebido.
No mais o doutoramento é uma atividade muito individual e solitária pois cada um pesquisa suas coisas sem quase nenhum contato com outros. Apenas nos eventos das Escolas é que a gente se vê. É nas conferencias onde tenho estado mais em contato com as pessoas e um fato que ficou bem claro prá mim é que ser bolsista da Capes e membro da Universidade dá um certo status, aumenta a credibilidade no “meio” e facilita as aproximações. Há muitos brasileiros e eles tem sido muito acolhedores. Conheci muita gente interessante e é nos finais das conferencias e palestras que essas oportunidades se fazem mais fortes, É quando sabemos dos eventos das dicas e novidades .
Como se pode ver, a minha vida esta se organizando aos poucos. Já iniciei um curso de conversação numa escola de Frances e a parte dura da pesquisa vai começar ser na próxima segunda. Por enquanto é o que tenho pra dizer e que saiu da minha cabeça sem qualquer revisão, pois alem de ser preguiçoso pra revisar o que escrever, acho que falei demais e deve ter um monte de erros e frases sem sentidos.
Confesso que tem horas que bate uma saudade danada como na última segunda –feira ao voltar prá casa e ver a lua cheia aparecer numa esquina entre prédios antigos. Eu estava cheio de luvas cachecol e roupas uma por cima da outra - no maior frio, com os dedos e o nariz quase congelados. Vendo aquilo grande lá no céu andei e andei a ermo até cansar, pensando no calor daí, na lua refletida no mar, na minha família e nos meus amigos e confesso fui dormir meio triste.
Um grande beijo
Ivo

2007/12/04

O Aluno e o Chimpanzé

Está provado: o universitário não descende do macaco!

Memória do chimpanzé é melhor que a do homem

TÓQUIO (AFP) - Os chimpazés jovens têm uma memória extraordinária, muito superior a dos humanos adultos, segundo uma pesquisa científica japonesa publicada nesta terça-feira.

A publicação científica Current Biology afirma que os chimpanzés jovens recordam os números exibidos numa tela de computador depois de apenas olhá-los rapidamente.

Os cientistas, dirigidos pelo professor Tetsuro Matsuzawa do Instituto de Pesquisas sobre Primatas da Universidade de Kioto, afirmam que os resultados da pesquisa sugerem que os humanos perderam uma capacidade similar para poder adotar outras habilidades.

"A capacidade do cérebro é limitada. Talvez os humanos tenham abandonado habilidades antigas para adquirir capacidades novas, como a linguagem", explicou Matsuzawa à imprensa japonesa.

"Talvez ocorra o mesmo quando os jovens virem adultos", afirmou, assinalando que a memória dos chimpanzés diminui com a idade.

Durante a pesquisa, que durou vários anos, os cientistas estudaram três pares de chimpanzés - três mães e seus filhos nascidos em 2000 - e compararam seus resultados com os de nove estudantes universitários.

"Os humanos foram mais lentos do que os três chimpanzés jovens em suas respostas, que, além disso, foram menos precisas", explicou.

Este estudo se soma a uma série de pesquisas que confirmam a elevada inteligência dos chimpanzés, os parentes animais mais próximos do homem.

Extraído de http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/071204/saude/jap__o_ci__ncia_animais. Acesso em 04/12/07, 13:00.

2007/12/01

Filmes Eternos

Sem pretensão de classificá-los por ordem de grandeza ou qualquer outro atributo, segue uma listagem de bons filmes:

1984 de Orwell - 1984
500 dias com Ela (500 Days of Summer) - 2009
A Classe Operária vai ao Paraíso (La Classe Operaria Va In Paradiso) - 1971
A Costa do Mosquito (The Mosquito Coast) - 1986
A Ponte do Rio Kwai (The Bridge On The River Kwai) - 1957
Além da Linha Vermelha (The Thin Red Line) - 1998
Alguém muito Especial (Some Kind of Wonderful) - 1987
Amor Além da Vida (What Dreams May Come) - 1998
Arte, Amor e Ilusão (The Shape of Things) - 2003
As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath) - 1940
Barry Lyndon - 1975
Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner) - 1982
Brubaker - 1980
Casablanca - 1942
Cidadão Kane (Citizen Kane) - 1941
Cidade de Deus - 2002
Clube dos Cinco (The Breakfast Club) - 1985
Como estrelas na Terra
Companhia dos Lobos (The Company of Wolves) - 1984
Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard) - 1950
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off) - 1986 
De Volta para o Futuro (Back to the Future) - 1985 
Derzu Ursula - 1975
Doze Homens e uma Sentença (12 Angry Men) - 1957
Eles não Usam Black Tie - 1981
Enigma de uma vida (The Swimmer) - 1968
Forrest Gump - O Contador de Histórias (Forrest Gump) - 1994
Fuga de Uma Guerra (Brady's Escape) - 1984
Gallipoli - 1981
Gandhi - 1982
Golpe de Mestre (The Sting) - 1973
Grand Canyon - Ansiedade de Uma Geração (Grand Canyon) - 1991
Henrique V (Henry V) - 1989
Irmão Sol, Irmã Lua (Fratello Sole, Sorella Luna) - 1972
Ladrões de Bicicletas (Ladri Di Biciclette) - 1948
Lawrence da Arábia (Lawrence Of Arabia) - 1962
Luzes da Cidade (City Lights) -1931
Matar ou Morrer (High Noon) - 1952
Nosferatu (Nosferatu, Eine Symphonie Des Grauens) - 1922 
O Céu que nos protege (The Sheltering Sky) - 1990 
O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin) - 1925
O Franco Atirador (The Deer Hunter) - 1978
O Império Contra-Ataca (Empire Strickes Back) - 1980
O Mais Longo dos Dias (The Longest Day) - 1962
O Nome da Rosa (The Name Of The Rose) - 1986
O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (What Ever Happened To Baby Jane?) - 1962
O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray) - 1970
O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish) - 1983
O Terror das Mulheres (The Ladies' Man) - 1961
O Urso (L'Ours) - 1989
O Velho e O Mar (Old Man And The Sea) - 1958
Os Brutos Também Amam (Shane) - 1952
Os Duelistas (The Duellists) - 1977
Os Infiltrados (The Departed) - 2006
Os Melhores Anos de Nossas Vidas (The Best Years of Our Lives) - 1946 
Paixão dos Fortes (My Darling Clementine) - 1946 
Por um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari) - 1964 
Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollare in Più) - 1965 
Quatro Casamentos e Um Funeral (Four Weddings and a Funeral) - 1994
Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke) - 1967
Ronin - 1997
Rosa Luxemburgo (Rosa Luxemburg) - 1986
Tarzan, o Homem Macaco (Tarzan The Ape Man) - 1932
Taxi Driver - 1976
Tempos Modernos (Modern Times) - 1936
The Corporation (The Corporation) - 2003
Touro Indomável (Raging Bull) - 1980
Um Estranho No Ninho (One Flew Over The Cuckoo's Nest) - 1975
Um Homem Chamado Cavalo (A Man Called Horse) - 1970
Um Tiro na Noite (Blow Out) - 1981
Umberto D - 1952

Para assistir, vale uma busca em:
www.achafilme.com
http://www.veoh.com
http://emol.org/movies
http://www.publicdomaintorrents.net/
http://www.emersonpereira.com.br/dvdsraros.htm

As legendas estão em: http://legendas.tv/

As Chaves do Pintor

Um Homem havia pintado um lindo quadro e, no dia de apresentá-lo ao público, convidou todo mundo para vê-lo. Compareceram as autoridades locais, fotógrafos, jornalistas, e muita gente, pois o pintor tinha fama de grande artista.
Chegado o momento, tirou-se o pano que cobria o quadro. Houve caloroso aplauso. Era uma impressionante figura de Jesus batendo à porta de uma casa. O Cristo parecia vivo. Com suas mãos de dedos longos batia suavemente e, com os ouvidos junto à porta, parecia querer ouvir se ládentro alguém respondia.
Houve discursos e elogios. Todos admiravam aquela obra de arte. Um observador curioso, porém, achou uma falha no quadro: a porta não tinha fechadura! Como se fará para abri-la?
- É assim mesmo, respondeu o pintor. Esta é a porta do coração humano; só se abre do lado de dentro.