17 faltas

17 anos sem você, sem sua meiguice, sem sua alegria, sem sua companhia

Não me esqueci de você. Tive que deixar o tempo me consumir para poder viver sem olhar para os lados e não lhe encontrar. Cheguei a ficar sem lágrimas de tanto sufocar o choro no silêncio da noite, para que pensassem que mantive a sanidade.

Em cada oração, renovo uma súplica para que nos encontremos novamente, em um novo plano, com mais amor, mais tempo, mais alegria!

Já não é tão difícil constatar que você me ensinou a dimensão de grandeza que existe no ser humano e também o abismo da tristeza de se perder alguém tão digna, pura, cândida e carinhosa. Não há lágrimas que a tragam de volta.

Espere, apenas espere. Quero chegar a você e mostrar que aprendi, também com sua partida, que o tempo pode ser nosso aliado ao transformar a saudade em esperança, tristeza em resistência à desventura, pois foi na nobreza de espírito que nos conhecemos.

Nesse estado, nos eternizamos um no outro. É assim que a reencontro, indistintamente, nos estranhos pelo caminho. A minha missão não tem fim, pois a sua ainda não acabou. Deixá-la sucumbir ao tempo seria deixar você se perder dentro de mim. Tive que apequenar o que antes havia para permitir que seus ensinamentos, sua história continuassem comigo.

Você amou intensamente a todos que me cercavam. Eles, também, continuam a amá-la, mas sentem a sua falta, pois desejam ouvir sua voz, sentir seus afagos. Os que chegaram a pouco, aprendem a admirá-la mesmo sem tê-la conhecido.

Estaremos unidos pelo tempo que nos for próprio. Em vida, nunca pude lhe pedir desculpas pelos momentos de desatino. O seu perdão incondicional marcou o meu aprendizado.

Como lhe agradecer? Como fitar os seus olhos? Como encharcá-la com tantas lágrimas derramadas e muito outras ainda contidas? Você se lembra de mim? Sente a minha falta? Perdoe as minhas que, asseguro, são ínfimas diante da que sinto de sua ternura.

São 17 anos, uma breve eternidade, simples, pura, intensa, bela, jovem, suave, única e verdadeira amiga.